sexta-feira, julho 10, 2009

Eu tenho um problema...

Aliás, tenho vários. Inclusive acredito fortemente que o título desse post deveria ganhar um selo de “retornável”, pois é certo que o usarei outras vezes: “Eu tenho um problema – parte XVIII”. Mas falemos primeiramente da dificuldade principal, aquela que dá origem a quase todos os outros imbróglios: eu tenho TOC. Falo sério. Tive uma melhora discreta nos últimos meses, mas ele nunca deixa de dar as caras e mostrar quem é que manda. Se você já esteve por aqui, provavelmente sabe algo a respeito.

Procuro manter sempre meu armário bem arrumado, as roupas separadas por cor e freqüência de uso, as gavetas fechadas em ângulo reto e perfeito, sem nenhuma fresta pornográfica me olhando de rabo de olho. Tudo o que puder ser limpo, arrumado, organizado e catalogado, será. Basta para isso que eu tenha algum tempo livre e força para encarar a luta. E quando não os tenho só me resta, resignada, fritar bolinho a noite inteira por conta daquele pé de meia que desapareceu misteriosamente e do qual é quase certo que não se terá notícias nunca mais.

Cedo ou tarde o trabalho termina, afinal, as coisas não se bagunçam sozinhas. Na ânsia de encontrar algo para arrumar, etiquetar, arquivar ou catalogar, decidi organizar minhas idéias, meus pensamentos e os muitos problemas com status de "pendentes". Mal sabia eu. O cenário era de horror absoluto, nenhum campo de batalha abandonado há duas semanas cheiraria tão mal, nenhum contêiner de lixo inglês seria mais caótico e sem propósito, nenhuma morte de ídolo pop seria tão cercada de controvérsias e contradições. Mas tentei, bravamente. Na minha saga contei com toda ajuda que pude conseguir, começando pela idéia vagamente inspirada - respeitando-se minhas livres interferências - no filme Eternal Sunshine of the Spotless Mind: separar tudo, imaginando salas com portas identificadas, corredores, estantes, arquivos, pastas suspensas.

Acho que pela primeira vez não falhei tão miseravelmente numa tarefa auto-imposta, pois agora minhas idéias - e principalmente meus problemas, visto que são em maior número - ficam confortavelmente alojados no hemisfério esquerdo do meu cérebro, catalogados, a grosso modo, por assunto. Às vezes a logística falha, como quando as gavetas "Relacionamento" e "Financeiro" dão de ficarem abarrotadas, espalhando encrenca por todos os lados. Nessas ocasiões até busco umas dicas de arquivamento em apostilas de estudo para concursos públicos que, devo confessar, nunca utilizo. Acabo habitualmente separando por cor, tamanho, relevância, sexo e assunto. Por exemplo: “Se aquela vaca não me pagar o que deve, a coisa vai ficar preta.”, podemos notar facilmente que se trata de um problema financeiro de média relevância, do sexo feminino, habitante da pasta dos pretinhos básicos, quarta gaveta de cima pra baixo.

A desvantagem do excesso de organização é que ele me impede de misturar as coisas (isso não se aplica a destilados, fermentados e drinks coloridos de toda sorte), de forma que consigo separar coisas básicas como amor, amizade, sexo, dinheiro e família. Funciona da seguinte forma: meus familiares não me ajudam com porra nenhuma, mas eles são meus amigos assim mesmo. Meu trabalho não é sempre meu amigo, às vezes ele me fode e quase nunca supre satisfatoriamente minhas necessidades materiais. Quando gosto de alguém, não deixo que pague a conta. Não sem antes protestar, brigar, xingar, babar e ter um ataque epilético no caixa do restaurante. Se um cara serve pra ser um ótimo amigo, do tipo que dá dicas de corte de cabelo e assiste desfiles da Calvin Klein, dificilmente pensarei em dar pra ele sair com ele, mas pode ser que eu peça dinheiro emprestado. Ou não. Certamente não. Sem sombra de dúvida que não. Tudo bem, confesso que fiquei confusa. Melhor voltar do começo. Eu tenho um problema...

4 comentários:

  1. vc é uma guardadora de rebanhos, beibeam. e os rebanhos são seus pensamentos. e seus pensamentos são como esquilos cafeinados que são sabem se vão dormir ou ou se correm a maratona.
    a merda é que as vezes a cobra morde o rabo e fica uma porra de um círculo, que já tá resolvido, mas, a cobra tá com fome e continua mastigando - daí, o círculo vai se fechando aos poucos, o que não é bom pra ele.
    minha avò e meu avô eram um caso engraçado. eu dizia que meu avô dançava em cima dos blocos de concreto que minha avó dava pra ele.
    é meio assim. pra um poder ser bêbado, o outro tem que ser equilibrista.
    e vice-versa.
    (L)

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  2. Eu queria poder dizer "eu tenho UM problema" Mas organização excessiva definitivamente não é um deles. Não no mundo real.

    Já no virtual... meu computador é mais organizado que meu quarto, MUITO mais.

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  3. Todos temos problemas, relaxe! Enjoy the ride! (tô precisando aprender a seguir o q falo)

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  4. Acho que tenho TOC pra verificar cadeados e portas trancadas hahaha

    Tu escreve muito, muito bem, congrats! Blog favoritado! =)

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