sexta-feira, julho 18, 2008

Day five.


Ok, eu sei, eu sei... Ninguém começa a contar de cinco em diante. Mas eu não tive tempo de escrever nos últimos quatro dias, então comecemos pela metade.
Bem, estou numa fase ‘salvemos os animaizinhos’, ‘join Peta’ , ‘go veg’ e etc. Não que eu já tenha estado numa fase ‘morte aos animaizinhos’, isso nunca, mas estou tentando não comer carne. Tarefa difícil, pois eu trabalho numa rua que tem uma churrascaria e onde quer que eu passe tem uma televisão de cachorro cheia de frangos douradinhos e suculentos rodando lá. É difícil escolher entre bife à milanesa e panqueca de espinafre, mas eu vinha tentando bravamente. Até ontem. Meu pai é o culpado. Ele comprou sabendo que eu amo camarão, que nada no mundo inteiro é melhor que camarão. A não ser talvez palmito e champignon, mas esses não são de carne e não vêm ao caso.
Era tarde da noite e eu cheguei em casa com fome. Abrindo a geladeira me dei conta que minhas opções eram:
a) Miojo de legumes com queijo;
b) Bobó de camarão com arroz de brócolis. Camarões enormes. Macios. Suculentos. Boiando naquele molho igualmente encantador.

Naquela hora não passou pela minha cabeça ‘fodam-se os camarões’. Naquela hora não passou nada pela minha cabeça pra falar a verdade. Foi quando minha irmã saltou na frente da geladeira na maior atitude ‘Frente para a Libertação Animal’, ativista free style:
- Camarões morrem pela pressão do ar, é uma morte horrível sabia?!
E eu babando, salivando, grunhi de volta:
- Morrer de fome também deve ser uma morte horrível, embora eu nunca vá saber como é... sai da frente da geladeira!
- Não! Você consegue!
- Não consigo! Aaaaaaaaaaargh! É camarão cara! Dá um desconto. Camarão é quase planta!
Eu a segurei pelo colarinho, dei uns tapas na cara e tirei ela da frente da geladeira. Caímos as duas no meio da cozinha. Silêncio. Olhamos uma pra outra a tivemos a pior crise de riso de história, de doer as costelas.
Acabei comendo os camarões. Dormi com a consciência pesada e o estômago idem. Tive pesadelos a noite inteira com a Lapa, cemitérios e sexo com estranhos. Outros nem estranhos eram. Acordei passando mal e com a pressão baixa. Tanto que eu abaixei para tirar um pelinho da meia-calça e quando me levantei, caí. Se não fosse um poste me segurar, tinha caído no meio da rua.
Moral da história: camarões são vingativos, incubus por natureza e fazem mal se comidos à noite.