domingo, julho 12, 2009

Confissões de uma jaguatirica escorpiana

Cá estou num domingo tipicamente petropolitano – frio e deprimente – mais uma vez tentando me entender e, para manter a tradição, falhando miseravelmente. Na falta de chocolate, cerco-me de paçoquinhas para adoçar as conclusões e de gatos – os felinos mesmo - para esquentar os pés. Alguém pergunta no MSN se estou melhor. Eu me pergunto se estive mal recentemente. E lembro, logo em seguida, de ter assustado essa mesma pessoa diante da minha incapacidade de digitar após umas cervejas e um beijo caliente do Jose. O Cuervo. Concluo que sim, estou melhor, ao menos do ponto de vista clínico. Logicamente preferia estar bêbada, já que não há muito mais o que se fazer com um domingo desses. E sem ter pra onde correr, começo a lembrar, a pensar e a remoer algumas atitudes minhas (ou a falta delas).

Não sei se meu problema de verdade é alguma espécie de autossuficiência adquirida, se é o clássico medo de me expor e causar uma impressão errada – o que é estúpido - ou se é uma timidez crônica, outra coisa estúpida que atrapalha nossa vida em todas as esferas possíveis e imagináveis. A questão é que eu tenho a tendência a manter as coisas no raso. Não aconselho ninguém a fazer o mesmo e tampouco sustento que essa seja uma atitude saudável. Pode funcionar como uma espécie de proteção sim, mas fazendo uma analogia bem besta, se você constrói um muro alto em volta de si não vai afastar apenas as pessoas indesejáveis. A não ser que seu muro seja dotado de inteligência artificial e possa fazer uma triagem satisfatória, baseado em informações previamente inseridas.

Nunca fui aquele tipo de menina que passava as tardes na casa das amigas, trocando figurinhas e se embrenhando no closet alheio. Fui a última da turma a dar umas bitoquinhas e provavelmente a última também a dar, se é que vocês me entendem. Não era uma grande fã de abraços, beijos melados e cafunés e talvez por isso mesmo sempre tenha preferido a companhia dos meninos. Soltando pipa ou jogando bolinha de gude eu estava a salvo de nhenhenhéns, podia correr, xingar, sentir o vento no cabelo e não precisava me vestir igual a cinco ou seis garotas e passar a tarde comentando como o Bruno ou o Rodrigo estavam gatinhos, entre risinhos e trocas de batom. Nenhuma dessas escolhas me fez menos mulher. Talvez um pouco complicada sim, do tipo que mantém a defensiva e arranca a cabeça do macho após a cópula, mas não intragável. Eu acho. Preciso de uma segunda opinião.

O fato de não mendigar atenção e carinho, de ficar na minha, de não ser uma festa ambulante ou de não ostentar aquela aura de pessoa irritantemente feliz a todo custo me confere um ar de antipatia, algo que me chama a atenção justamente quando estou na presença de alguém que é exatamente o contrário de tudo isso - minha irmã, por exemplo. O tipo de pessoa que em 5 minutos vira sua melhor amiga de infância. Que conhece por nome e sobrenome cada atendente de padaria, motorista de táxi ou caixa de banco.

Já que nunca sofri maus tratos ou abuso por parte de meus familiares (pelos menos não que me lembre, dizem que a memória bloqueia certas lem... tá, parei) e diante da dificuldade de explicar ou justificar essa minha fama de má, apelo para a providencial ajuda da astrologia, que mesmo não sendo uma ciência exata, de vez em quando acerta nos seus pitacos:

Não lhe faltam resistência nem energia e dá tudo de si em situações difíceis. Sente-se diferente dos outros, tem dificuldade em se integrar (eu não disse?), ainda mais porque raramente está livre de tensão.

Lúcido (quando sóbrio), espírito penetrante, crítico e perspicaz. Determinado, concentrado (Yeah, right), confiante. Não se deixa influenciar, manda na sua vida, portanto é responsável pelo que lhe acontece.

(Atenção para esta parte) Não gosta de ser contrariado, nem que indaguem dos seus motivos. Força situações (quer dizer que sou manipuladora), perspicaz, sutil, ardente, leal. Ajuda-se, se quiser, e aos outros. Vingativo, antagônico, sarcástico, violento (muita calma nessa hora). Possui autorrespeito, não se preocupa com o que os outros pensam, pois tem boa opinião de si. Bom julgamento. Também quer segurança emocional. Tudo ou nada. Ar impenetrável, face de jogador de pôquer (poker face my ass). Não esquece quem lhe ajuda, nem quem lhe prejudica (anotou?).

Como podem notar, sou inocente.

É tudo culpa dos astros.

Encerro minha defesa.

4 comentários:

  1. Bicho, não sei como podemos ser amigas, pq meu signo diz q eu sou o oposto disso ae. E por sinal eu escrevi ontem sobre o qnt eu sou carente e pegajosa.

    Talvez os opostos se atraiam hahahahahaha

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  2. por isso que o mark chapman matou joh lennon. disseram "é tudo culpa dos astros" e ele matou o maior dos astros que havia na época.

    mentira.

    minha segunda opinião é que, num mundo em que filmes vêm mastigados, que em livros vem resumidos e em que bandas compõem covers, é dificil alguém manter a mente livre sem esbarrar nos móveis dos idiotas da objetividade.

    já te disse isso.
    você é um peixe grande.
    dá sua mão e vamos pro fundo.
    vamos pro mundo.

    amo você.

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  3. Você pode não ter se criado como um projetinho de piranha (o que é bom pra você, eu acho), pode não ser fresca (igualmente bom se te satisfaz e, mais importante, muitos homens - eu, inclusive - não gostam de mulheres frescas, ignorantes e/ou apenas imbecis) e, finalmente, você pode não ser uma festa ambulante, mas porra, você é inteligente e engraçada - ou pelo menos a sua confusão mental me diverte -, do contrário seu blog não estaria no meu google read.

    Beijo.

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  4. Nossa adorei tudo aki!
    parabens ..
    da uma passada la no meu e me segui ♥
    muitos beijos
    [good vibe]

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