Apenas complementando o post que roubei do blog do Fernando Tucori com este monólogo final da música Vênus, do Paulinho Moska. Se ele não tivesse escrito isso, eu o teria feito. Ou ao menos tentado. Mesmo se, após reler tudo, achasse brega até o fim do mundo. Tem dias em que é piegas e tem dias em que é verdade absoluta.
Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.
Repararam como estou sempre dividindo as coisas em partes? Será que tenho tendência a me tornar uma esquartejadora? Ou pior, diretora de cinema?!
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não falo do amor, mas as vezes acontece dele falar através de mim.
ResponderExcluirnão me cabe falar de amor.
o amor - esse amor - não cabe em mim.
não sou eu que produzo amor.
ele é que é produzido em mim, além do meu controle e não obstante a minha vontade.
é como trabalhar em rádio, naquela época tenebrosa em que eu chegava com 20 coisas pra fazer, fazia 25 e ia embora com meia dúzia ainda por fazer.
é a mesma coisa.
posso te dar tudo-tudo-tudo e, ainda assim, quando eu for ver, continuo com mais do que eu tinha quando comecei.
no post de ontem - que eu adorei - você me lembrou que há sangue no meu corpo.
com esse, você me fez saber pra quê ele serve.
até logo então e obrigado pelos olhos.
Eu adoro uma definição do Djavan que diz que o amor é como um laço, um passo pruma armadilha, um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha.
ResponderExcluirEu às vezes acho que amo demais, tanto que dói, tanto que eu choro e me apego, e me machuco. E não paro.
"O amor é um beijo de papel debaixo do seu travesseiro."
Essa é uma das piores. simplesmente não gosto desse texto. ele se contradiz, mas não de um jeito bom. o moska parece ter sucumbido à uma necessidade de se dedicar à alguém sem perder essa liberdade dele. não sei.
ResponderExcluirpra não ficar com a consciencia pesada: eu sou fã eterno dele.
=*****